segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sob a Pele – Projeto Um filme quando valha a pena.



Sob a Pele – Projeto Um filme quando valha a pena.

Passou-se mais de um ano desde o ultimo post, e neste período muitos filmes e livros me fizeram repensar se continuava ou não com os projetos Um filme quando valha a pena e Um livro sempre,mas acabava deixando de lado, por preguiça, correria ou outras questões. Bom, acho que estou de volta, e este Sob a pele é a razão.

Sempre acho que a ficção científica é um gênero que permite traçar metáforas poderosas sobre a existência. Philip K. Dick é o expoente do dizer sobre o humano usando outros elementos: a alteridade como referência para a identidade.  Então o assunto é robôs ou monstros gosmentos ma estamos falando de nós mesmos, do ser Humano e do que representa ser Humano.

A personagem de Scarlett Johansson é uma alienígena. Mas ao dizer isso já conto algo que muito sutilmente via se delineando no filme, pois é com uma sutileza rara no cinema comercial que ela se configura como humana. E vemos, ainda sem saber o que está ocorrendo, seu olho configurar-se como carne, e ela tornar-e corpo quando é uma outra coisa. O filme todo é sobre tornar-se gente quando se é outra coisa!

Ela atrai homens para seu ninho de amor. Mas não qualquer homem, ou melhor, sim, qualquer homem, que a deseje, que tenha vontade de comê-la, que se ache conquistador, que use o velho jogo de sedução e que caia no velho jogo da sedução, aquele que não leva em conta quem é o outro, apenas a casca, que é o que ela é, que é o que eles (os que caem na teia) são, que é o que todos nos tornamos ao não sermos mais que cascas, ao não olharmos mais que corpos, ao não atravessarmos a parede externa do ser.

Em um determinado momento ela percebe que algo falta e a partir daí a busca muda, de predadora ela se torna caça, caçada por si mesma, Quem sou eu? o que sou eu? Como me torno outra (humana)? Por outros alienígenas, por outros humanos, dominados pelo desejo violento de caçar e comer e destruir. O que ela vivia sem paixão, agora sofre com brutalidade.

Lindo fim do filme, que não conto aqui mesmo já tendo feito um spoiler forte. Há como ser outro? Ou é a alteridade uma via que leva à destruição do que somos para ser alcançada?

É possível que parte da platéia vá assistir por ouvir falar das cenas em pelo da Scarlett Johansson, suponho que sairão no meio da projeção como saíam às hordas os que foram ver Lavoura Arcaica pelo péssimo Selton Mello...

Pois se há cenas de nudez elas não tem a menor importância, ou melhor, o menor erotismo, fazem parte do procedimento de caça, que explica como uma atriz já consagrada topou fazer um filme destes que é inusual na sua narrativa, sutileza, intensidade e inteligência.




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