Miss Violence
Grécia. 2013
Diretor: Alexander
Avranas
Se fosse existir um concurso para
a produção mais bizarra de filmes, por país (não por diretor, que aí o David
Lynch ganhava fácil), eu votaria para a Grécia com todos meus cascos. Eles
conseguem o feito de produzir filmes muito estranhos e, ao mesmo tempo, muito
estimulantes, instigantes, inquietantes. Mas muito estranhos.
Parte da estranheza já está na
língua. Porque ouvir grego é literalmente ouvir grego. Você entende uma ou
outra palavra, lendo as legendas, mas aquilo tem uma sonoridade esquisita, é
como ver filme tailandês. Veja, eu não estou dizendo que é ruim, mas esquisito.
Aí tem os roteiros, que devem ser
um desdobramento de tanta tragédia grega, porque Nelson Rodrigues é conto
infantil perto do que eles propõe como fios narrativos, elementos dramáticos e
reviravoltas.
E aí chegamos aos filmes em si,
com atuações intensas, direção segura e uma vez mais, aquela esquisitice
bizarra.
Vamos lá: aniversário de Angélica
que faz 11 anos, depois de dançar uma valsinha com o que imaginamos ser seu pai
(depois saberemos ser o avô), e apagar as velinhas, salta pela janela do prédio
enquanto a família preparava-se para uma fotinha fofa. Porque a menininha (que
não estava reluzente de felicidade diga-se de passagem) lançou-se ao vazio? O que
teria ocorrido? A família parecia tão “normal” (seja lá o que isso queira
dizer...).
E o filme será um mergulho sem
concessões na procura dessa resposta. Lentamente vão descortinando-se as
relações familiares: o avô controlador e despótico; a avó submissa e cúmplice;
a mãe grávida pela 5ª vez de pai desconhecido (ahan, sei...); os netos
obedientes obsessivamente obedientes e; e; e...
E não vou contar os
desdobramentos do filme. Porque merece ser visto. Não para gostar, porque não é
gostável, mas para ver como se conta uma tragédia moderna sobre a perda do que
mais importa no mundo.
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