segunda-feira, 14 de julho de 2014

Miss Violence - Projeto Um filme quando valha a pena



Miss Violence

Grécia. 2013
Diretor: Alexander Avranas


Se fosse existir um concurso para a produção mais bizarra de filmes, por país (não por diretor, que aí o David Lynch ganhava fácil), eu votaria para a Grécia com todos meus cascos. Eles conseguem o feito de produzir filmes muito estranhos e, ao mesmo tempo, muito estimulantes, instigantes, inquietantes. Mas muito estranhos.

Parte da estranheza já está na língua. Porque ouvir grego é literalmente ouvir grego. Você entende uma ou outra palavra, lendo as legendas, mas aquilo tem uma sonoridade esquisita, é como ver filme tailandês. Veja, eu não estou dizendo que é ruim, mas esquisito.

Aí tem os roteiros, que devem ser um desdobramento de tanta tragédia grega, porque Nelson Rodrigues é conto infantil perto do que eles propõe como fios narrativos, elementos dramáticos e reviravoltas.

E aí chegamos aos filmes em si, com atuações intensas, direção segura e uma vez mais, aquela esquisitice bizarra.

Vamos lá: aniversário de Angélica que faz 11 anos, depois de dançar uma valsinha com o que imaginamos ser seu pai (depois saberemos ser o avô), e apagar as velinhas, salta pela janela do prédio enquanto a família preparava-se para uma fotinha fofa. Porque a menininha (que não estava reluzente de felicidade diga-se de passagem) lançou-se ao vazio? O que teria ocorrido? A família parecia tão “normal” (seja lá o que isso queira dizer...).

E o filme será um mergulho sem concessões na procura dessa resposta. Lentamente vão descortinando-se as relações familiares: o avô controlador e despótico; a avó submissa e cúmplice; a mãe grávida pela 5ª vez de pai desconhecido (ahan, sei...); os netos obedientes obsessivamente obedientes e; e; e...

E não vou contar os desdobramentos do filme. Porque merece ser visto. Não para gostar, porque não é gostável, mas para ver como se conta uma tragédia moderna sobre a perda do que mais importa no mundo.





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