segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ELEGIA - Isabel Coixet


Projeto Um filme sempre que valha a pena:
Isabel Coixet – ELEGIA (2010)

Coixet já havia colocado no mundo brasileiro, onde poucos filmes dela chegaram, o maravilhoso A vida secreta das palavras, filme denso que toca uma situação complexa, com a generosidade de fazer a platéia sair de seu lugar conhecido. Depois Conseguimos ver O mapa dos sons de Tóquio, não tão interessante assim.

Agora ela nos apresenta uma obra linda, que vai até o meio do filme passando por todos os pontos conhecidos do tema “homem maduro apaixona-se por sua aluna 30 anos mais nova”. 

Bem Kingsley e Penelope Cruz fazem o casal romântico, ele preocupadíssimo com o envelhecimento e a certeza de que será traído por ela, abandonado por um outro alguém mais jovem, bonito ou, ou, ou.

Maravilhosamente o filme tem uma virada, que não revelarei, porque faz toda a diferença, e por essa virada o filme torna-se a pérola que faz dele um filme obrigatório, pela sensibilidade, riqueza com a que nos implica no tema amor e seu correlato eterno, a morte.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Stalker - Tarkovsky: Projeto um filme sempre


Andrei Tarkovsky – Stalker

Assistir Tarkovsky é sempre e irremediavelmente uma experiência. Ele os retira de onde estamaos, de onde achávamos que estávamos, de onde gostaríamos de estar, e nos proporciona a possibilidade de outro lugar. Não é todo filme que agüenta duas vezes, em menor numero ainda são os cineastas que agüentam ter toda sua obra revista, “trivista”, multirevisitada e sempre, SEMPRE, com um resultado positivo e estimulante.

Revi, pela 3ª ou 4ª vez, depois de algum tempo este Stalker de 1979. Naquela época, só para localizar nossa memória, o universo era um lugar bacana, com o bem lutando contra o mal numa revisão intergalática da cavalaria por meio do primeiro episódio da (então) trilogia Star Wars. A força ainda era uma coisa legal que salvaria o universo e por aí vai. No mesmo ano do lançamento de Stalker, saiu Aliens – O oitavo passageiro, filme sombrio que explicitava que “no espaço ninguém pode ouvi-lo gritar”, algo bem diferente da papagaiada boba e pueril de ET- O extraterrestre 3 anos depois, mas aí estamos estendendo demais a digressão contextual...

Stalker é um filme no qual o tempo se alonga. Como por sinal em todo filme do Tarkovsky. O guia para uma área proibida chamada “Zona”, que leva os visitantes a um quarto no qual seus desejos mais verdadeiros seriam atendidos é o Stalker. São poucos, e conhecem a volatibilidade do território. Como o castelo do Graal, cujo castelo está sempre em um lugar distinto, a Zona é um território mutante, no qual as armadilhas, trilhas e atalhos mudam de um momento para o outro, os perigos decorrem das intenções, e os atos dos que entram lá modificam a configuração o que lá ocorre, uma metáfora absolutamente linda para a vida humana...

Um físico e um escritor contratam o Guia/profeta Stalker. Um cientista e um artista, e o caminho é um caminho de desmascaramento e desnudamento das intenções e possibilidades do que efetivamente estes personagens arquetípicos são, destruição e engodo. A possibilidade de entrar no quarto e desejar só pode ocorrer pelo acreditar naquilo. Ninguem deseja acreditar.

Eles voltam ao mesmo bar do início do filme, mas a Zona agora está com o Stalker, há algo que ele trouxe de lá... não conto porque é uma das muitas belezas do filme, uma das muitas, porque seja nas imagens belíssimas, na narrativa especial, nas atuações precisas ou nas possibilidades de interpretação e aberturas, o filme é múltiplo. Por isso assisti-lo muitas vezes é sempre uma novidade, por isso Tarkovsky é Tarkovsky.

O filme está disponível em DVD no Brasil, recomendado para assistir com tempo!