O silêncio antes de
Bach
Se alguém me contasse este filme eu provavelmente não o
assistiria. A trilha sonora é absolutamente maravilhosa, Bach quase que do
começo ao fim. Bach na gaita, no piano, no cravo, no cello, na pianola, no
órgão etc...
Mas é um filme cujo roteiro não está contando uma história.
Está fazendo algo muito difícil que entretanto ficou muito , mas muito
interessante: levantar a pergunta “como era o mundo da musica antes de Bach?” e
desenvolvendo uma resposta: “como era não dá para saber, mas como ficou, que
desdobramentos sua musica trouxe, como ela está presente na nossa vida, é
assim...”
E por “assim” entendamos uma série de personagens que vão do
improvável ao pitoresco: um caminhoneiro que toca oboé enquanto espera a
tempestade passar para seguir viagem; seu colega que toca gaita na viagem; um
velhinho fantasiado de século 17 para fazer de guia turístico pelos lugares
“bachianos” de Leipzig; o “substituto” de Bach no coro São Tomás hoje e a lista
segue.
E cada cena quase que é independente do resto do filme,
explorando algum aspecto da musica e vida de Bach. Um afinador de piano que nos
indica a mudança tonal que a Musica sofreu depois do Cravo Bem Temperado; um
piano que cai e afunda no mar (deixo a interpretação desta cena para cada
um...); mas cada cena faz ao iluminar um aspecto da vida e obra, uma
atualização dessa obra hoje, trazendo sua beleza e deixando aquele gosto
incômodo da pergunta “porque não escuto MAIS Bach?” no ar...