Finn´s Hotel – Projeto Um
livro Sempre
James Joyce – Finn´s
Hotel
Companhia das Letras,
2014
Tradução: Caetano
Galindo.
Bom, então era uma vez um cara que resolveu que a literatura
era uma corda e que ele iria esticar a corda até a corda agüentar e a corda
esticou e estourou e os pedaços voaram paratodo lado e ele juntava ospedaç os
dojei toqu e acha vaq eu seria mel horparaco ntar ashis tórias.
E o nome dele era James Joyce. Já escrevi da leitura do
Ulysses aqui.
Este Finn´s Hotel foi composto cronologicamente depois deste e antes do
descomunal Finnegan´s Wake. E é
importante situar porque o Wake é a
explosão que falava ao inÃcio deste escrito, o Wake é o além da escrita e eu ainda não cheguei lá.
Mas o Finn´s é
para todos nós, mortais desejosos de boa literatura. 10 histórias, curtas,
algumas curtÃssima, com as temáticas chave de toda mitologia: amor, sexo,
morte, poder, território, identidade. Trabalhadas com aquele humor cÃnico e a
beleza, ah, que beleza! Da narrativa que não é obvia nunca!!! Uma cena de amor
é atravessada por muitas cenas, de amor, de fantasia, de desejo, de passados e
possibilidades, em suma, uma história passa a ser a vida, na complexidade e
volume torrencial de possibilidades abertas pelo fluxo do existir.
Joyce é conhecido por criar palavras, destruir palavras,
mesclar palavras, palavrear palavras. Aqui ele ainda não é esse Joyce, mas aquele que só
contava histórias de um jeito intenso. Há as narrativas que apresentam
personagens do Wake, que depois serão
desenvolvidos, mas que são pequenas pérolas de beleza compactada. Não vou falar
de cada uma, pois elas vão em direções múltiplas (e poderia ser diferente???) e
ricas.
Por último, a tradução de Caetano Galindo que já havia
vivificado o Ulysses e aqui mostra maestria. Traduzir é sempre um risco, quando
se trata de literatura o risco cresce e quando é este tipo de literatura, vai ao paroxismo... Galindo dá conta do
recado fazendo brasileirar-se o idioma joyceano, permitindo-nos entrar nos
espaços voláteis, instáveis e abertos da transmutação, de palavras em vida.
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