quinta-feira, 17 de julho de 2014

Finn´s Hotel – Projeto Um livro Sempre



Finn´s Hotel – Projeto Um livro Sempre

James Joyce – Finn´s Hotel
Companhia das Letras, 2014
Tradução: Caetano Galindo.

Bom, então era uma vez um cara que resolveu que a literatura era uma corda e que ele iria esticar a corda até a corda agüentar e a corda esticou e estourou e os pedaços voaram paratodo lado e ele juntava ospedaç os dojei toqu e acha vaq eu seria mel horparaco ntar ashis tórias.

E o nome dele era James Joyce. Já escrevi da leitura do Ulysses aqui. Este Finn´s Hotel foi composto cronologicamente depois deste e antes do descomunal Finnegan´s Wake. E é importante situar porque o Wake é a explosão que falava ao início deste escrito, o Wake é o além da escrita e eu ainda não cheguei lá.

Mas o Finn´s é para todos nós, mortais desejosos de boa literatura. 10 histórias, curtas, algumas curtíssima, com as temáticas chave de toda mitologia: amor, sexo, morte, poder, território, identidade. Trabalhadas com aquele humor cínico e a beleza, ah, que beleza! Da narrativa que não é obvia nunca!!! Uma cena de amor é atravessada por muitas cenas, de amor, de fantasia, de desejo, de passados e possibilidades, em suma, uma história passa a ser a vida, na complexidade e volume torrencial de possibilidades abertas pelo fluxo do existir.

Joyce é conhecido por criar palavras, destruir palavras, mesclar palavras, palavrear palavras. Aqui ele ainda não é esse Joyce, mas aquele que só contava histórias de um jeito intenso. Há as narrativas que apresentam personagens do Wake, que depois serão desenvolvidos, mas que são pequenas pérolas de beleza compactada. Não vou falar de cada uma, pois elas vão em direções múltiplas (e poderia ser diferente???) e ricas.

Por último, a tradução de Caetano Galindo que já havia vivificado o Ulysses e aqui mostra maestria. Traduzir é sempre um risco, quando se trata de literatura o risco cresce e quando é este tipo de literatura, vai ao paroxismo... Galindo dá conta do recado fazendo brasileirar-se o idioma joyceano, permitindo-nos entrar nos espaços voláteis, instáveis e abertos da transmutação, de palavras em vida.



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