Luiz Alberto Moniz
Bandeira – Formação do império americano
Este livro não é o Inferno de Dante, mas a recomendação de
que deixemos ali a esperança os que entrem, cabe tão bem quanto naquele. Este é
um livro de desesperança. É um livro de vertiginosa e ampla apresentação de uma
história que ainda nos engloba e à qual estamos impreterivelmente sujeitos, a
história da formação do império americano.
Creio ser evidente o porque este império tem mais
importância atualmente que outros, afinal é a ele que estamos sujeitados, é com
ele que as relações políticas, econômicas e militares ocorrem sempre de modo
importante, e é o peso dessas ações (ou impedimentos) que altera, modifica ou
impulsiona outros desdobramentos, com outros países, regiões e personalidades.
Foi assustador ler os bastidores de diversos eventos que
conhecia pelo lado “solar”, pelo que é contado, publicado, pelo que pôde vir à
luz, e entender que aquilo era a parte que se desejava ser mostrada, que o
buraco (do inferno...) é muito mais profundo.
Há a parte da história da formação dos EUA como país, que
serve para delinear a mentalidade expansionista massiva. Conforme o calendário
caminha para o século XX vemos o país Estados Unidos tornar-se a potência que é
hoje, e o jogo que fez (na verdade os jogos, porque são sempre muitos, mas
muitos mesmo, jogados simultaneamente) para chegar a esse lugar e
principalmente para manter-se. Todo o confronto propagandeado com a URSS e a
luta contra o comunismo, uma bobagem que visava tão somente a ampliação da
maquina de guerra.
E é apavorante entender como o complexo militar é tão, mas
tão influente na política expansionista, criando meios para fazer-se sempre
mais importante, custoso e presente. Independe de quem é o presidente e suas
promessas, uns mais e outros menos, uns mais explícitos como os Bush pai e
filho, gerados na caterva petroleira-bélica da América caipira, ou Clinton, de
discurso menos beligerante mas que manteve todas as ações de seus antecessores.
O livro termina pouco depois da segunda eleição de Bush
Junior, antes portanto da chegada de Obama ao poder, mas fica claro o porque da
desilusão com este último no Capitólio: qualquer presidente se curvará ao mando
industrial, não terá nenhuma possibilidade de enfrentar a máquina de guerra,
ela já anda por si só, como as corporações já andam por si sós, na busca de
lucros transnacionais, sem preocupações alem da propaganda de suas boas
intenções e dos reais ganhos.
Por isso iniciei este texto com a lembrança do Inferno, porque não há salvação nesse
movimento, não a curto prazo pelo menos, como todo império, este também ruirá,
e os sinais da queda se acumulam, o aterrorizante é entender que num mundo tão
globalizado, a ruína do império americano será a queda do mundo, the end of the world as we know it. Quem
viver verá...