O ouriço
Baseado no livro A elegância do ouriço, da francesa Muriel
Barbery, o filme foca 3 personagens e as interações entre eles. A narradora Paloma
é uma pentelha de 11 anos, como toda pentelha e de 11 anos acha que sabe tudo e
decidiu matar-se no 12º aniversário para não viver uma vida besta como a irmã,
mãe, bem... como o resto do mundo. Como ela é 1º francesa e; 2º menina, já
escapamos do modelo pentelho sabe-tudo de Hollywood, o que lhe confere ao fim
das contas uma graça e até uma simpatia, ganha no decorrer de seu
amadurecimento.
O filme foca o que seriam os seus “últimos” 11 dias de vida,
e sua descoberta da zeladora do prédio, uma mulher seca, dura, ríspida, mas que
possui um quarto fechado atulhado de livros, que lê com a televisão ligada para
disfarçar seu refinamento. Vive reclusa num mundo com seu gato e seus livros
alto nível, cuida-se exclusivamente no campo intelectual e, claramente não acredita
na raça humana.
Será descoberta também pelo novo morador, um empresário
japonês, Ozu, que de cara responde a uma farpa dela sobre os moradores do
prédio: “todas as famílias felizes são iguais”, com o que Tolstói inicia seu Anna Kariênina, “mas as famílias são
infelizes cada uma à sua maneira”. Desconcertada ela percebe que foi pega em
flagrante delito de ser alguém que busca a arte e o belo, saindo da
esculhambação da (falta) de cultura de massa.
Não conto como as interações se dão. Não conto o fim do
filme, bastante razoável. Recomendo não só o filme, como o livro de Muriel
Barbery, na minha opinião mais rico e complexo que o filme, desdobrando o
amadurecimento da Paloma-narradora e o sutil desvelar da elegância do ouriço,
metáfora feita para descrever a zeladora, mas que certamente serve para dizer de
uma das possibilidades para viver neste mundo...
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