quinta-feira, 14 de junho de 2012

Propriedade Privada: Joachim Lafosse - Projeto Um filme quando valha a pena.


Propriedade Privada

Isabelle Huppert costuma sempre ser uma boa razão para ver um filme. Atuações precisas, num crescendo de intensidade que em algum momento transbordam para a insanidade a intensidade ou outra alteração visceral e incontrolada de personagens usualmente borderlines, fronteiriços entre a loucura e uma organização mais ou menos estruturada.

Neste filme, o atrativo inicial foi sua presença, mas logo me desencantei. Tive um ingrato deja-vu, e parecia que todas suas outras atuações estavam ali, condensadas mas, infelizmente, repetidas. Parecia que trechos de vários filmes se sobrepunham a este e eu me perguntava se todos os diretores a escolhem para papéis iguais ou se ela “huppertiza” todas suas interpretações.

Mas o filme segue. Um casal separado há 10 anos tem tensão constante, muito dela gerada pela ex esposa que espezinha o ex marido. Os filhos gêmeos são complementares um ao outro nas dinâmicas, um mais amoroso o outro mais incisivo. Um mais prático o outro mais tranqüilo. E são complementares à situação da família, acomodando-se como adultos jovens à comodidade da casa da mamãe.

Conflitos vão emergindo conforme esse equilíbrio sofrido, mas estável vai se desorganizando, por desejos novos e a entrada de um patético namorado da mãe. Conflitos inclusive entre os irmãos, sempre muito unidos. Conflito esse que acaba num empurrão bruto e numa queda. Terminamos o filme sem saber o resultado da queda (ponto para o filme!!!).

E terminamos o filme com uma cena de uma intensidade dramática impressionante: o pai e a mãe ajoelhados no chão, tomando os pedaços da mesa de vidro quebrada na queda do filho, sem falar, sem chorar, sem nada mais fazer senão aquilo que é a única coisa possível de ser feita quando tudo mais está roto: recolher os cacos.


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