Shame
Bem, quando vi que o diretor se chamava Steve McQueen não
pude deixar de sorrir e lembrar dquela musica da Sheryll Crow cujo refrão diz “Steve,
McQuenn, all he need is a fast machine...” e eu achei que o diretor era aquele
atorzinho canastrão no máximo, o que mostra como a ignorância nos impede de uma
disposição mais aberta ao mundo... no fim das contas o McQueen diretor é um
outro moço, bem mais interessante e interessado, que dirigiu Hunger sobre um
preso político que faz greve de fome na Irlanda, mas esta é outra história para
outro post.
Bom, de qualquer forma assisti ao filme, unicamente porque o
ator, Michel Fassbender já havia me impressionado muito como Jung no Um método Perigoso. E que bom que
assisti!
Porque não é nenhuma obra prima e tem um fundo moralista que
não gostei e um roteiro meio óbvio e um desenvolvimento sem grandes surpresas.
Então cabe a pergunta: e porque valeu a pena assistir? Porque é um filme de ator. Todo este filme só
funciona porque estamos frente a um ator estupendo que segura um personagem que
não é simpático, não cativa a platéia e nem faz você se sentir bem com o que ele
faz, MAS, constrói uma identidade e uma presença irresistíveis que criam um
vínculo forte com a experiência do assistir.
Ele é um obcecado por sexo, transa com prostitutas, flerta e
persegue mulheres no metrô, é assinante de vídeo chats pornôs e tem uma vasta
coleção de DVDs e revistas. Sexo o tempo todo, masturbações no banheiro da
empresa que trabalha e encontros casuais terminando com trepadas em locais
públicos. A única transa que ele não dá conta de concluir é com uma colega de
trabalho com que ele inicia um relacionamento nos moldes tradicionais: convidar
para jantar, bater papo, primeira saída para a cama etc. A cara do seu
desconforto com aquela situação só é comparável ao desconforto que sente quando
a irmã artista vem morar com ele, o que é um dos pontos óbvios do roteiro, a
partir dessa entrada em cena da irmãzinha meio louquinha, ele descobre uma
afetividade e um cuidado perturbadores. Detalhe especial para a versão de New York, New York que a irmã canta numa
cena, fazendo que essa música mais que batida e banalizada seja uma vez mais
bonita de se escutar.
Há uma cena que certamente será clássica, na qual ele transa
com duas garotas, e sua cara de sofrimento e dor é tão marcante, tão intensa
que consegue fazer com que qualquer erotismo da cena seja violentamente
esquecido, algo similar ao que Oshima fez com O império dos sentidos.
Então, é dos filmes que valem a pena assistir pelo ator, um
dos que vem dessa safra que não tem medo de exposição aos extremos!
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