Gritos e Sussurros – Ingmar Bergman
Vermelho. Branco.
Vermelho de sangue, de vida, de paixão, de raiva. Branco de
pureza, de delicadeza, de medo, de morte.
Depois perguntam porque alguns filmes são denominados
“clássicos”. Bem, deve ser pelo que ocorre quando vemos ou revemos filmes como
este. Cada cena, cada enquadramento, cada tomada, cada gesto mínimo de cada uma
das atrizes, cada palavra mas cada silêncio também! Todo o filme é feito com o
cuidado, a intensidade e a intenção clara de que cada parte faça sentido, paca
parte de uma construção complexa, aberta, interminável de interpretações e
conhecimentos humanos.
Duas irmãs se revezam no cuidado a uma terceira que há doze
anos está sofrendo dores atrozes na cama. Uma empregada as auxilia e reveza, e
com cada uma, e de cada uma destas quatro participantes, o filme fará um
recorte. Um recorte de uma vida que entretanto a representa, como fragmento
holográfico daquela existência. Pelos pedaços das vidas vamos lentamente
entendendo o que está ocorrendo ali, como cada uma chegou naquele ponto e
naquela posição existencial.
Entram os maridos. Pobres criaturas frágeis, mesquinhas,
ridículas nas suas dores e arrogâncias: ali o espaço é das mulheres, se elas
seguem-nos é somente porque eles vão na direção que elas já desejavam ir. Com
cada um deles histórias de desencanto e frustração, cada uma necessitaria estar
só, no meio das outras.
E ainda assim as tentativas de aproximação acontecem.
Acontecem, se concretizam, mas são depois travestidas em armas. Bergman não
deixa dúvida na sua crueldade: não há saída que não a solidão ou... a lembrança
dos tempos felizes do passado.
Bergman sempre retratou com maestria a realidade feminina! Esse eu não assisti, mas já tá marcado na lista!
ResponderExcluir