terça-feira, 13 de março de 2012

Nova Antologia do Conto Russo


Nova antologia do conto russo

Uma antologia é um risco. Você junta 40 autores russos, seleciona contos que ou não foram publicados antes, ou são muito representativos, ou merecem vir a publico, e dá ao leitor uma oportunidade única de percorrer 200 anos de narrativas curtas russas. Não preciso dizer que a variedade tem seu custo. Alguns dos contos são muito bons, outros médios e outros fraquinhos. Não pretendo falar de cada um, porque seriam 40 comentários, mas queria aproveitar o conjunto da experiência da leitura.

Porque temos o primeiro conto, escrito há 200 anos, e ele tem uma puerilidade narrativa tal, que parece uma criança de 8 anos contando uma história para o primo menor de 4 anos, os eventos se encaixam como uma luva, não há margem para outros sentidos e sabemos o final da história assim que os personagens se apresentam. O interessante é pensar que o contar histórias teve esse momento. Narrar já foi contar histórias de um modo que hoje é óbvio e não estimula a imaginação e a abertura. E infelizmente não posso dizer que esse momento acabou, porque seja nos filmes roliudianos, nos livros cretino-juvenis (me recuso a chamar de infanto juvenis, o que seria uma afronta aos livros decentes escritos para crianças e jovens) ou nos programas televisivos correntes, temos essa mesma narrativa óbvia, fechada a outros sentidos que aqueles dados pela intenção do autor. Obras fechadas.

Este é um livro que, se eu estivesse dando aula para psicólogos, pedagogos ou qualquer profissional que trabalhe com gente, iria propor como leitura obrigatória durante um semestre apenas este livro, porque se há algo que é fundamental aprendermos, é que nunca há apenas uma história, uma forma de contar histórias, uma solução para a história trazida.

E há mais 39 outros contos e autores, alguns consagrados e conhecidos do grande publico, outros traduzidos pela primeira vez no Brasil. Há os que desenvolvem histórias com uma fluidez impressionante, outros que rompem com nossas expectativas e imaginam temas novos, instigantes, radicais. Assim também são as narrativas e a variedade delas, até o começo do século XX as acompanhamos bem, com a virada do século as experimentações se seguem, algumas mais felizes que outras. Algumas abrindo possibilidades de leitura, compreensão e descoberta, outras só experimentações, só isso, vazias e estéreis como parte da arte do século passado foi.

Mas um livro imperdível, pela abrangência, abertura e generosidade de opções!!




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