Terras de sangue e mel – Angelina Jolie
Este é dos filmes que só chegará ao Brasil, se chegar, por
ter como diretora (sim, diretora) Angelina Jolie. Para quem achava que alem de
linda ela era apenas atriz de filmes usualmente ruins, temos agora a chance de
ver sua atuação atrás das câmaras e, podemos dizer de cara, ela se saiu
bastante bem para ser o primeiro trabalho.
A história não é fácil, Bósnia 1992, estoura a guerra nos Bálcãs.
Mesmo tendo-a acompanhado na época, não entendia o que acontecia ali, e sigo
sem ter um entendimento muito claro. Sérvios contra croatas, a Iugoslávia
comandada pelo ditador Tito se desfacelando e conflitos étnicos e religiosos
eclodindo, muçulmanos sendo massacrados e a comunidade ocidental assistindo
impassível ao massacre, limpeza étnica e violência sistemática contra milhares
de pessoas.
Como fio condutor Jolie cria uma par romântico Romeu-Julieta,
ele Sérvio e do exército, filho de um alto comandante, ela uma muçulmana. A
impossibilidade do amor vai se complicando pelas tentativas pueris dele
salvá-la, e pela impossibilidade de negar uma guerra da qual ambos fazem parte
e, de lados peremptóriamente opostos.
Ler Romeu e Julieta é um deleite, mas depois de tantas
leituras e releituras perde-se a tensão do amor impossível. Aqui esta tensão é
retomada, e lindamente aponta para a impossibilidade de paz num país dividido,
local e global, pessoal e coletivo.
Não se espere uma obra prima, é o primeiro trabalho, mas tem
de ser corajoso para estrear chutando o pau da barraca, e cutucando a
indiferença e abandono que o ocidente teve para com os muçulmanos massacrados.
Não gratuitamente ela foi escolhida embaixadora da ONU, não por isso
representar algo, porque é apenas um título, mas aponta para a posição que ela
tem no mundo, e este filme é mais um passo nessa direção. Algumas bobagens americanóides,
alguns momentos dispensáveis, mas no geral um filme merecedor de ser visto com
carinho
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