Luz de Agosto (1932)
William Faulkner
Cosac Naif. 2007
É algo impressionante que este Luz de Agosto tenha apenas 3
anos de separação com a estréia de Faulkner na Literatura, o Sartoris, já
comentado aqui.
E digo impressionante porque a evolução é gigantesca e, para que leu o
comentário ou o próprio livro, já sabe que Sartoris era uma narrativa muito bem
escrita e desenvolvida.
Lena está grávida, na estrada a pé vinda do Alabama em busca
do pai da criança que ficou de chamá-la assim que tivesse um posto seguro de
trabalho. Conta com a ajuda de estranhos, e talvez por sua inocência, leveza ou
condição gestante recebe a ajuda mesmo,
em cada cidadela ou estrada por onde passa, até chegar em Jefferson, onde estaria
seu companheiro.
A cada capítulo a narrativa acompanhará um outro personagem,
apresentado como figurante no capítulo anterior, tornado protagonista no
seguinte, e fazendo parte do corpo de atores ao longo do livro. Recurso usado e
levado ao extremo em O som e a fúria,
do próprio Faulkner alguns meses antes, e aqui feito com menos radicalidade,
mas sem por isso deixar de causar uma certa vertigem: quem é que está falando
agora? A história é de quem? E por aí vamos conhecendo o cenário, a trama vai desenvolvendo-se
e os acontecimentos vão marcando as posições.
Não vou contar a
história, envolve um assassinato e fuga, perseguições e teimosias, caipirices
provincianas e preconceitos históricos. Como retrato de uma forma de viver, de
uma época e mentalidade é excelente, como romance, maravilhoso, como narrativa,
espetacular. Faulkner desenvolveu aqui uma generosidade com o leitor que não
tivera antes, a cada personagem que será relevante na trama ele dá espaço para
que este possa se fazer humano, presente, com uma história e um porquê de ser,
agir, pensar.
Em suma, um livrão. Uma aula de literatura, uma aula de
narrativa, uma aula de história, e ao mesmo tempo um prazer gigantesco de
leitura.
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