terça-feira, 16 de setembro de 2014

Luz de Agosto - Projeto Um livro sempre



Luz de Agosto (1932)

William Faulkner
Cosac Naif. 2007

É algo impressionante que este Luz de Agosto tenha apenas 3 anos de separação com a estréia de Faulkner na Literatura, o Sartoris, já comentado aqui. E digo impressionante porque a evolução é gigantesca e, para que leu o comentário ou o próprio livro, já sabe que Sartoris era uma narrativa muito bem escrita e desenvolvida.

Lena está grávida, na estrada a pé vinda do Alabama em busca do pai da criança que ficou de chamá-la assim que tivesse um posto seguro de trabalho. Conta com a ajuda de estranhos, e talvez por sua inocência, leveza ou condição  gestante recebe a ajuda mesmo, em cada cidadela ou estrada por onde passa, até chegar em Jefferson, onde estaria seu companheiro.

A cada capítulo a narrativa acompanhará um outro personagem, apresentado como figurante no capítulo anterior, tornado protagonista no seguinte, e fazendo parte do corpo de atores ao longo do livro. Recurso usado e levado ao extremo em O som e a fúria, do próprio Faulkner alguns meses antes, e aqui feito com menos radicalidade, mas sem por isso deixar de causar uma certa vertigem: quem é que está falando agora? A história é de quem? E por aí vamos conhecendo o cenário, a trama vai desenvolvendo-se e os acontecimentos vão marcando as posições.

 Não vou contar a história, envolve um assassinato e fuga, perseguições e teimosias, caipirices provincianas e preconceitos históricos. Como retrato de uma forma de viver, de uma época e mentalidade é excelente, como romance, maravilhoso, como narrativa, espetacular. Faulkner desenvolveu aqui uma generosidade com o leitor que não tivera antes, a cada personagem que será relevante na trama ele dá espaço para que este possa se fazer humano, presente, com uma história e um porquê de ser, agir, pensar.

Em suma, um livrão. Uma aula de literatura, uma aula de narrativa, uma aula de história, e ao mesmo tempo um prazer gigantesco de leitura.





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