segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Cuco - Aleksandr Rogozhkin – 2002
Projeto Um filme quando valha a pena

Meu nome é Cuco, diz a mulher ao russo que tenta curar. Ele que não entende uma palavra do dialeto que ela fala olha-a com estranhamento mas aceita ser curado. Cuco era também o nome dado pelos russos aos atiradores finlandeses que se escondiam nas árvores para abatê-los. Um desses soldados, conseguindo escapar da morte chega à mesma cabana onde está o russo e a mulher, e passarão os 3 o filme todo numa completa incompreensão do outro, já que nenhum compreende o idioma dos outros dois.

Assistir filmes sempre é um desafio, às vezes já sabemos muito bem o que vai ocorrer, e o desafio é aturar o tempo passar. Outras vezes é ver diferenças de histórias que já conhecemos. E algumas poucas vezes, é ser sugado pelo poder narrativo da história, quando não tem mais importância o tema ou o enredo, o como a história se conta, mas apenas o fluir. O cuco entra nesta rara categoria.

Um filme excepcional por várias razões, os três personagens centrais não se entendem, e são a expressão mais profunda da dificuldade da comunicação humana. O fato de terem idiomas diferentes apenas é um elemento a mais, sabemos que mesmo falando uma língua igual, o Homem não se faz entender...

Mas não apenas isso. Uma paisagem ao mesmo tempo dura e bela, interpretações convincentes. Momentos cômicos sem descambar para o pastelão e principalmente, a indicação que não há alternativa à conhecida expressão de Schopenhauer, que dizia serem os humanos como porcos espinhos no inverno, destinados a morrer de frio na solidão, ou perfurando-se uns aos outros na busca de calor...

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