quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fiódor Dostoievsky - Crime e Castigo

Crime e Castigo

Ler um clássico é encarar algumas dificuldades, porque sempre há uma quantidade de expectativas que temos de que aquilo a ser lido será bom, e muita vezes, muito bom. Ler Dostoievsky leva ao extremo essa dificuldade.

Não porque literatura russa seja mais difícil, provavelmente seja questão de gosto, eu adoro o universo e a situações do lado de lá. São tão diferentes, por vezes esquisitas, dramáticas. Sinto como um antropólogo em Marte, porque de certa forma parecem relatos de um outro mundo.

E claro, há o livro em questão, Crime e Castigo. Um crime é cometido, todo o pensamento o assassino é visitado e temos acesso à construção da sua lógica mental. Lemos a organização que sustenta sua ação criminosa, a intensidade das conseqüências, o sofrimento e angústia, o desejo de ser pego, o alivio da fuga, a possibilidade de redenção.

Mas são várias histórias que decorrem simultaneamente. Há outros vários crimes que acontecem em paralelo, crimes menores talvez, mas que criam um jogo de acusações e desenham a pergunta: de qual crime e qual castigo estamos falando aqui? E talvez mais ainda: qual é o seu (do leitor) crime? Porque algum todos temos...

E há o final feliz. Algo inusitado e de certa forma chocante, porque a densidade do romance nos levaria para um beco sem saída que, entretanto, é contornado, por meio de uma alternativa que não podemos dizer que fosse a única, mas que cria no conjunto da obra uma tensão com o que veio antes, uma explicação, e uma solução que resignifica tudo o que lemos até ali.

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