O moinho e a cruz
(Polonia/Suíça: 2011)
Diretor: Lech
Majewski
Há filmes, e há experiências, e usualmente experiências em
filmes dão mais pano pra manga para falar que para “cinemear”, servindo para
intermináveis digressões teóricas e poucas apreciações do filme como narrativa,
como contar uma história. Bem, este consegue a proeza de ser uma experiência e
um cinema de qualidade, ainda que não seja um tipo de filme que todos
apreciarão.
Bruegel em meados do século 16 pintou o quadro O caminho
para o Calvário, o qual, como o nome evidencia retrata o caminho final de Jesus
para a crucifixão. Como ocorre nos quadros da época, os personagens do quaro
estão todos trajados como na Flandres do século 16, e não como a palestina do
século 1.
E para quem gosta do Pintor este é um prato cheio, várias
cenas e situações ocorrem simultaneamente no espaço do quadro.
Para o filme o diretor toma algumas linhas de narrativa.
Conta a gênese do quadro, colocando Bruegel a explicar para seu mecenas como
seria o quadro, enquanto o prepara; mostra a vida familiar do pintor, sua larga
prole e esposa; faz pequenas incursões em várias das cenas do quadro, criando
narrativas para o moeiro, sua esposa e o ajudante no interior do escalafobético
moinho, um herético a ser pendurado numa roda de carroça depois de espancado; e
evidentemente, a via crucis, que passa pela cidade, naquele tipo de anacronismo
até engraçado.
No conjunto uma experiência enriquecedora, corajosa,
instigante e fascinante.
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